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quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Capítulo 1- ADRENALINE


Jasmine Bienzo Mendes, tenho 19 anos e atualmente moro nos EUA, na Califórnia. Sou estudante de medicina na Universidade Estadual da Califórnia, em San Francisco, estou no terceiro ano. Vou me especializar em oncologia. Falta apenas uma semana para eu completar meus 20 anos, e finalmente poder morar sozinha. Você pode pensar assim: ‘‘Nossa, geralmente meninas de 20 anos estão no auge da vida amorosa, iniciando seus planos a dois que serão para o resto de suas vidas’’ pois é... Esse não é o meu caso. Na verdade quase tudo relacionado ao amor não é o meu caso. As únicas e poucas experiências que eu tive sobre esse assunto foi à no mínimo seis anos atrás, quando eu tive um curto relacionamento traumatizante de adolescente que não me trouxe nada de gratificante; e quando um pouco mais tarde eu me apaixonei pelo meu professor de química, aos 15 anos. Eu sinto vergonha de contar isso, e até hoje à única pessoa que sabe é as minhas únicas amigas e as melhores que alguém pode ter Isabelle e Stephani, quando eu contei, a única reação delas foi deitar na minha cama após rir da minha situação, me mandar esquecê-lo, pois era ilusão. Uma paixão à primeira vista que eu conto sem vergonha alguma, foi quando aos 16 anos fui pra Londres e conheci um rapaz que hoje eu nem lembro mais o rosto, isso pode parecer muito estranho, mas é verdadeiro, eu vi ele em uma padaria, que ficava em frente ao hotel que eu fiquei hospedada com a Ste e a Isa. Depois de alguns beijinhos eu caí na real que eu não podia me apegar, já que ali depois de uma semana eu voltaria pros EUA, então dei um perdido nele e nunca mais tive contato. Eu me lembro que quando ainda morava no Brasil, tinha um menino na minha turma da escola, que se chamava João, se não me engano, e ele era muito quieto, mas era um menino lindo. Eu acho que só esse amor verdadeiro na vida. Enfim, eu não lido bem com esse negócio de ‘amor’. Acordo com o celular despertando, me fazendo lembrar que eu tinha de ir trabalhar. Ah, sexta-feira, como eu te amo. Levantei, e caminhei sonolenta até a minha pequena suíte, fiz minha higiene matinal e tomei um banho relaxante. Lavei meus longos cabelos loiros, e sequei, deixando-os soltos. Vesti uma calça preta pantalona e a camisa do escritório azul céu. Calcei meu scarpin preto, passei uma maquiagem leve e um perfume que ganhara da minha mamãe no começo do ano. Peguei meu blazer, preto com o símbolo do escritório gravado no peito esquerdo e a minha bolsa junto com o celular, ainda bem que na minha sala também tem ar-condicionado, se não, não sei o que seria de mim. Dei uma última olhada no espelho e suspirei, mais uma semana que se inicia trabalho-casa-faculdade-casa-trabalho-casa-faculdade, e por assim vai... Desci e fui sentido à cozinha, Janice já estava colocando o café na mesa, que por sinal o cheiro estava ótimo, pena que eu estou atrasada e só vou poder comer uma maça. Caminhei até a fruteira e peguei uma maça bem vermelha e sem nenhum defeito, até parecia artificial, quando de repente ouço uma voz: 



-Bom dia filha, atrasada de novo?- era o meu ‘’Paidrasto’’ que sempre foi mais que um pai pra mim, um amigo!! -Bom dia pai, estou sim, ontem fiquei até tarde um fazendo trabalho da faculdade que tenho que entregar hoje à noite e acabei perdendo a hora, dê bom dia para à mamãe e diga que eu não vou voltar cedo hoje, vou do trabalho para a universidade, amo vocês- dei um beijo na bochecha dele e peguei as chaves do meu carro e a minha bolsa, na saída da cozinha escutei meu pai falar ‘’bom trabalho querida’’ assenti e murmurei um ‘’obrigado’’ e logo fui em direção à garagem. Cedo o transito é corrido, então nos requer bastante atenção, eu realmente não sei como consigo dirigir em San Francisco. Depois que eu e a minha mãe nos mudamos pra cá, após a separação dos meus pais (que detalhe: até hoje eu não sei o motivo) passou-se um ano e minha mãe se casou, com um homem chamado Christopher Dallas, que cuidou de mim como um pai legítimo. Assim que minha mãe se casou, eu automaticamente troquei de escola, as desculpas eram de que o colégio era mais perto da minha nova casa e tal. Mas eu sabia que isso era mentira, pois um dia eu acordei de madrugada com sede, e quando estava voltando pro meu quarto, escutei minha mãe no telefone dentro do quarto dela conversando em português, o que era muito raro desde quando nós tínhamos nos mudado do Brasil, conversando com a minha avó, e pelo o que eu entendi, meu pai descobrira onde eu estava estudando e ameaçou vir atrás de mim. Enfim, entrei neste colégio aos 11 anos, no sétimo ano (antiga 6° série, e sim, eu entrei adiantada no colégio) logo que entrei, fiz duas amizades, a qual eu carrego até os dias de hoje. Isabelle Iede e Stephani Iede, as duas primas que eram patricinhas. Eu sinceramente acredito que, foi por Deus nossa amizade, por que eu sempre, desde pequena odiava patricinha e meninas nojentas, e olha aonde eu fui amarrar meu bode!! As pessoas olhavam elas e ficavam lambendo, talvez por eu não ter lambido elas logo de cara, que elas resolveram serem minhas amigas. Eu deixei duas amigas no Brasil, a Gabriela e a Paloma, elas já vieram me visitar uma vez e estão marcando pra vir aqui mês que vem... Eu não vejo à hora de chegar logo, mês que vem eu pego férias da faculdade e do trabalho, nós quatro vamos para viajem em Paris e logo depois Londres, pra lembrar os velhos tempos. Londres é simplesmente o lugar que eu mais amo, inclusive eu tenho um apartamento lá, que eu comprei com o meu próprio dinheiro (e com uma ajudinha leve do meu pai, até por que mesmo trabalhando desde cedo, eu ainda não fiquei rica)... Com 13 anos eu fazia artesanato, não por que eu precisava, mas porque eu amava e amo até hoje pintar tela e fazer esculturas. Com 14 eu comecei à dar aulas particulares de matemática e francês, e cuidava dos filhos dos srs. Bercksoon, aos finais de semana. Aos 15 comecei em uma lanchonete muito famosa daqui chamada ‘Mister Potato’, assim que me formei aos 16 sai de lá. Já tinha juntado dinheiro pra fazer uma viajem, bastava escolher o destino. LONDRES, com toda certeza. Eu amo essa cidade, e foi assim que surgiu o interesse por lá, e o resto você já sabe, quando voltei, consegui passar na universidade estadual e comecei trabalhar em um escritório de advocacia, para manter os livros e pagar meu AP em Londres. Faz um ano que eu o quitei. Aluguei-o pra uma amiga que morava no Brasil e que há pouco tempo eu achei o contato dela via internet. Ela já está lá a mais ou menos uns seis meses, mês que vem vou revê-la, ainda não estou acreditando... Acordo dos meus pensamentos com um ‘’Bom dia, senhorita Bienzo’’ do porteiro que ficava na entrada do edifício, eu até assustei, nem vi o tempo passar, e já cheguei no prédio, estava perdida em meio dos meus pensamentos. -Bom dia senhor John, tenha um ótimo dia de trabalho!- disse simpática entrando no saguão do prédio. -O mesmo pra senhorita- escutei-o dizendo atrás de mim e assenti com a cabeça. Fui andando e acenei de leve pra recepcionista que ficava no balcão, entro no elevador, quando a porta ia fechar escuto um grito feminino pedindo pra eu segurar a porta pra ela. Aquela voz eu reconheço a quilômetros de distância, pode se passar 10 anos que eu nunca vou me esquecer dessa voz fina e irritante. -Bom dia pra você também, caiu da cama foi?- pergunto irônica. -Ah não enche vai, qual foi? Quem nunca se atrasou pro trabalho?- ela perguntou passando batom e alternando o olhar entre eu e o pequeno espelho de bolsa. -Quem nunca se atrasou eu não sei. Mas que eu saiba ninguém se atrasa exatamente todos os dias da semana, é só você mesmo, loira azeda. –disse sarcástica, antes de ela me responder o elevador apitou, nos avisando que chegara nosso andar, no caso o último. -Eu não vou te responder nada branquela nojenta, não agora. –ela disse e depois deu uma risada abafada, e eu a acompanhei rindo. -Até por que você sabe que eu to certa não é, Isabelle? –rebati- -Ai cala a boca branquela, vai trabalhar, vai beijos. –assim que falou foi em uma direção oposta à minha. Virei à direita rindo, passando por aquele corredor extenso de vidros impecáveis. Fui até a sala do um chefe, doutor Matthew Shimith, um renomado advogado daqui, talvez um dos melhores da Califórnia. Sou secretária dele, às vezes conselheira, ombro amigo, escrava (é sério), eu tenho dó dele. Aos 30 anos ele é bem sucedido profissionalmente, mas na vida pessoal, ele não tem muita sorte. A mulher dele também é advogada e eu tive a infeliz oportunidade de conhecê-la, uma vez ela chegou aqui descontando tudo em mim, como se eu tivesse culpa que o marido a trai e não à ama mais. Eu me lembro que ela brigou comigo, e depois começou a chorar e me pedir desculpa. To fora de gente descontrolada na minha vida, já basta o meu próprio desequilíbrio. Fui pra minha mesa que ficava em frente à sala do Sr. Matthew, coloquei minha bolsa na minha gaveta, liguei o notebook, e peguei minha agenda. Assim comecei meu trabalho. Já liguei para todos os clientes e confirmei às reuniões de hoje. Já são 11h10min e eu ainda não vi meu chefe, por certo deve ter chegado antes de mim, ou chegado em uma hora que eu estava em ocupada o bastante e não vi. -Alô, escritório do doutor Matthew Shimith, com quem eu falo?-atendo o telefone enquanto ajeito meus óculos e procuro o nome de um cliente na agenda eletrônica do meu notebook. -Jasmine, é o Matthew, vem aqui na minha sala fazendo favor, preciso de um favor seu. -Ok, estou indo. –desliguei o telefone e fui em direção à porta da sala dele. Bati duas vezes e escutei um ‘entra’ abafado, ajeitei meu cabelo e meu blazer e empurrei a porta. -Com licença, o que o senhor quer que eu faça? –disse o fazendo tirar atenção de seu macbook e o dirigir o olhar até meu corpo. –Sr. Shimith? –disse o tirando de qualquer que fora seu pensamento. -Jas-Jasmine –ele gaguejou e eu já podia sentir minhas bochechas queimarem- Quero duas coisas suas. –ele me disse se recompondo e ajeitando sua postura na cadeira- A primeira eu já pedi mais de mil vezes, para de me chamar de senhor, é sério, deixa pra me chamar assim quando eu estiver com uns 50 anos e for te procurar no seu consultório! –ele disse rindo e me fazendo rir também. -Tudo bem, senh..Mattew, desculpa, é o respeito e o costume também, força do hábito. Qual é o outro favor? -Entendo, eu quero que você ligue pra senhora Carmem e avise que assim que o promotor me dar uma resposta eu mesmo vou ligar pra ela pra avisar o dia da audiência. -Ok Matthew, mais alguma coisa? -Não. Na verdade sim, como eu sou um patrão muito legal e gosto de tratar bem meus funcionários, vou te dar a tarde livre. Depois de ligar pra Carmem, pode ir almoçar e não precisa mais voltar hoje! Está tudo calmo por aqui hoje, o que me admira por ser uma sexta feira... -Muito obrigada, Matthew, você não sabe como vai me ajudar –dei um sorriso- Mas mesmo assim, eu vou levar a agenda e o notebook, qualquer coisa, liga no meu celular ou me manda um e-mail, e eu resolvo em casa mesmo. Mais uma vez, obrigada! -Tudo bem, qualquer coisa eu te ligo, agora pode ir!! -Tchau senh..Matthew –ri e saí da sala dele. Fui em direção a minha mesa, liguei para a cliente, passei o recado e me arrumei pra ir almoçar e de lá ir pra casa, tentar descansar um pouco. Estava indo em direção ao elevador, quando Isabelle me chama e eu olho pra trás assustada. -Hei, está assustada assim por quê? Viu o bicho papão? -Não idiota, vi você mesma! –Falei rindo, andando em direção ao elevador- -Grosseria é um dom dos Deuses, pelo jeito você é filha de um deles, por que olha... –ela disse rindo e eu assenti rindo junto com ela. Apertei o botão pra irmos pro térreo. -E aí? Vamos almoçar aonde hoje? –ela disse animada. -Olha você eu não sei, mas eu vou almoçar em casa, doutor Shimith me deu à tarde de folga e eu vou pra casa, comer e descansar um pouco, hoje eu tem entrega de trabalho e tenho prova prática na faculdade. –disse indo em direção ao estacionamento- -Nossa que sorte à sua, vai lá amiga, descansa, por que hoje à noite você vai ter que abrir um corpo humano morto, eca –ela disse isso rindo e depois fez uma careta de nojo- Aliás, nada haver né? Trabalhar em uma agência de advocacia e cursar medicina.. -Ai cala a boca, sim, é verdade. Mas foi o que apareceu... Eu vou chegar mais cedo lá, faço a prova e depois vou pra um bar, qualquer coisa te ligo, ou ligo pra sua prima nojenta, vulgo Stephani. –disse abraçando ela. -Ok, beijos e se cuida amiga. Tchau! -Tchau, te amo e se cuida. –falei entrando no carro, e vi-a sumindo em meio de tanta gente. Acelerei, e fui em direção à minha casa. Mais antes de chegar em casa, decidi passar em um super mercado. Peguei minha bolsa e coloquei dentro do carrinho, fui em direção à prateleira de guloseimas e de bobagens que engorda. Mas eu não estou nem aí, estou em boa forma (graças a Deus) pratico esporte e faço academia desde quando eu voltei de Londres (porém agora estou quase sem tempo por conta da faculdade), e corro nos finais de semana que estou livre. Peguei um monte de porcaria, peguei de jujubas a barras de chocolate, de pão a frios e de coca-cola a energético. Pretendo comer bem agora de tarde, por que hoje minha noite vai ser cansativa e corrida. Boom, pelo menos na universidade, depois que eu sair de lá vou espairecer. Pago tudo e coloco às sacolas no porta-malas. Dirijo sentido minha casa. Abro a porta e coloco meu notebook e minha bolsa no sofá, volto pra garagem e pego o máximo de sacolas possíveis e vou em direção à porta do fundo que da acesso à cozinha, quando chego, percebo que a porta está encostada, estranho mas empurro com a ponta do pé. Ela se abre, e me mostra a imagem de um homem de costas. Eu estou desesperada. Eu dou um pequeno grito e deixo as sacolas cair no chão fazendo-o perceber minha presença ali. -Que-Quem é você? –falo gaguejando com medo e imediatamente pego meu Iphone e disco o número da polícia- Não chega perto de mim, se não eu ligo pra polícia –digo mostrando a tela do celular pra ele. –O que você quer de mim? -Relaxa –ele se vira e pela primeira vez escuto a voz dele, e quê voz hein...- Sou Cameron, acredito que você já deve ter ouvido falar de mim.

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